Igreja de São Roque - Lisboa
Monumentos
No séc. XVI, o local onde se situa a Igreja ficava isolado, fora das muralhas da cidade, e por isso foi escolhido para fazer o cemitério onde se enterravam as vítimas da peste. Em 1506, construiu-se aqui uma ermida dedicada a São Roque, santo protector dos pestíferos. É então instituída a Irmandade de São Roque, com estatutos próprios e apoiada pela casa real, pela nobreza e pelo povo. Em 1553, a Companhia de Jesus toma conta do local e manda construir o templo que vemos hoje, com obrigação de manter a Capela de São Roque no interior.
De fachada austera, de acordo com os cânones jesuítas, o interior é surpreendente. Ao entrar, deparamos com um espaço amplo, de estrutura maneirista, cuja decoração é o testemunho do mecenato real sobretudo durante o reinado de D. João V. A combinação do mármore, da talha dourada, das telas e dos painéis de azulejo contribuem para um ambiente cénico, realçado pelos jogos de claro/escuro maneiristas e pelos cuidadosos efeitos de iluminação.
O plano da Igreja deve-se a Filipe Terzi, arquitecto régio de Filipe II de Portugal e III de Espanha. No interior, existem muitas obras de grande qualidade e valor artístico, entre as quais se destacam a capela-mor com iconografia representativa da Companhia de Jesus, as pinturas em perspectiva do tecto (1588-89), da autoria do pintor português Francisco Venegas, os painéis de Francisco de Matos na Capela de São Roque datados de 1584 (uma das primeiras experiências azulejares portuguesas da técnica da majólica), os Altares laterais das Relíquias e a Capela de São João Baptista, de fabrico italiano.
Em 1768, a Companhia de Jesus é expulsa do território português por carta régia. A Igreja de São Roque e os respectivos bens foram então entregues à Misericórdia de Lisboa. Actualmente pertencem à Santa Casa da Misericórdia que os expõe no Museu de São Roque, ao lado da igreja.
1200-470 Lisboa